A Ergonomia e a Matriz de Risco, o que seria? (Parte 1)

 


A procura de meios no processo de trabalho para adequar uma Matriz  de Risco Ergonômico para as atividades e às características, habilidades e limitações das pessoas, com vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro, reduzir Doenças ocupacionais, cansaço do trabalhador, possibilidade de erros, acidentes de trabalho, ausências no trabalho, custos operacionais compatibilizando a análise com os fatores de risco ergonômico vem tomando proporções que até um tempo sequer era mencionada.

Uma Demanda (Absenteísmo, Afastamentos, Perdas na Produção, etc.) que a empresa apresenta, apontam a análise mais apurada e um olhar profissional de um especialista, seja em situações sem ou com a existência de uma Análise Ergonômica.

Chega então o PGR e um novo desafio aponta para as empresas e para os profissionais de Segurança e Saúde Ocupacional e a Ergonomia passa de uma “indigente” para um grande problema a ser entendido e aplicado.

Até uns dois anos atrás pouco se fala de Ergonomia; agora inúmeros cursos e discussões invadem as redes sociais com diversas propostas e inovações que a anos nem sequer eram mencionadas, apresentando “especialistas” oferecendo curso para tornarem outros profissionais em especialistas. Profissionais desconhecidos que passaram a ser protagonistas de propagandas, lives e cursos que somente agora passaram a ser existentes.

A Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho não pode estar somente centrada no erro humano mais comum, pois em atividades de trabalho, pois aspectos Biomecânicos, Organizacionais, Cognitivos e Psicossociais exigirão uma análise mais aprofundada de todo o processo produtivo. Neste contexto, como elaborar uma Matriz de Riscos para os Fatores Ergonômicos, sendo que desde a criação da NR 17 este contexto nunca foi abordado e executado.

O que seria então uma Matriz de Riscos Ergonômicos e quais elementos devem compor esta matriz?

Quando analisamos a NR 1 que entrará em vigor em março de2021, temos:

1.5.4.3 Identificação de Perigos

1.5.4.3.1 A etapa de identificação de perigos deve incluir:

a)      Descrição dos perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;

b)      Identificação das fontes ou circunstâncias; e

c)      Indicação do grupo de trabalhadores sujeitos aos riscos.

1.5.4.3.2 A identificação dos perigos deve abordar os perigos externos previsíveis relacionados ao trabalho que possam afetar a saúde e segurança no trabalho.

1.5.4.4 Avaliação de Riscos Ocupacionais

1.5.4.4.2 Para cada risco deve ser indicado o nível de risco ocupacional, determinado pela combinação da severidade das possíveis lesões ou agravos à saúde com a probabilidade ou chance de sua ocorrência.

1.5.4.4.2.1 A organização deve selecionar as ferramentas e técnicas de avaliação de riscos que sejam adequadas ao risco ou circunstância em avaliação.

1.5.4.4.3 A gradação da severidade das lesões ou agravos à saúde deve levar em conta a magnitude da consequência e o número de trabalhadores possivelmente afetados.

1.5.4.4.3.1 A magnitude deve levar em conta as consequências de ocorrência de acidentes ampliados.

Vemos aqui que a NR 1 traz os parâmetros mínimos para que seja “construída” uma Matriz de Riscos. Aí está o grande desafio de se elaborar algo que desde 1978 e suas alterações “nunca” foi pensado e discutido, pois a Ergonomia era sempre vista como um “gasto financeiro”, sendo que agora pode se tornar um grande “prejuízo” para as empresas que a negligenciaram.

Qual a Matriz de Risco melhor ou mais abrangente? Eis a questão, existe? Qual seria a sua base técnica?  Podemos dar uma dica, pois o antigo Ministério do Trabalho publicou em 2001 a literatura técnica (Pontos de Verificação Ergonômica – 1ª edição), vindo a publicar em 2018 a 2ª edição, complementando pelo Manual de Aplicação da NR 17 pulicado em 2002.

Literaturas diversas nacionais e internacionais complementam um vasto universo de informações sobre Ergonomia, e temos hoje uma condição como se tudo isso fosse algo novo e inovador.

Para se falar de uma Matriz de Riscos, inicialmente devemos ter o entendimento de todo este contexto que foi apresentado e pouco utilizado. Fora literatura nacional e internacional disponível.

A construção de uma Matriz de Risco deverá envolver os quatro fatores de risco Ergonômico e um critério técnico apurado nas percepções e desdobramentos que a Ergonomia propicia na sua diversidade multidisciplinar nas áreas que possui.

Pode parecer fácil para uns e extremamente difícil para outros, tudo dependerá da forma que será construída tecnicamente, onde a sua estrutura deve abranger harmoniosamente todos os Fatores de Risco Ergonômico e ser estruturada em um contexto técnico envolvendo outros aspectos que a própria NR 1 já deixou bem estruturado.


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