MAPA DE RISCOS – QUAL O TAMANHO DO RISCO?
Ao longo dos anos o Mapa de Riscos vem sendo
representado de várias formas, desde modelos muito simples que acabam mais
confundindo a mais detalhados.
Vemos modelos que apresentam como na imagem
abaixo informações que tornam difíceis de serem assimiladas pelos
trabalhadores, por não indicarem devidamente onde no setor estes riscos estão
presentes.
Sendo um documento que deve apresentar uma
representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de
trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores, o Mapa de Riscos
deve ser representado de forma mais clara, objetiva e técnica.
Na elaboração do Mapa de Riscos, o processo de
trabalho no local analisado deve ser avaliado, e devemos coletar, no mínimo, as
seguintes informações:
1. Os Trabalhadores:
o Efetivo por setor identificando sexo e
idade
o Qual a Jornada de trabalho diária?
o Treinamentos profissionais e de
segurança e saúde que já foram realizados
2. Os Instrumentos e Materiais de
Trabalho:
o As atividades exercidas em cada Setor
o Como é o ambiente de trabalho?
o Identificação dos riscos ocupacionais existentes
no setor de trabalho
3. Medidas Preventivas existentes no
setor e sua eficácia:
o Medidas de Proteção Coletiva
o Medidas Administrativas /
Organizacionais
o Medidas de Proteção Individual
o Medidas de Higiene e Conforto
(banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de
lazer).
4. Indicadores de Saúde por setor:
o Queixas mais frequentes e comuns entre
os trabalhadores expostos aos mesmos riscos
o Acidentes de Trabalho ocorridos
o Doenças Ocupacionais diagnosticadas
o Causas mais frequentes de ausência ao trabalho (Absenteísmo)
Estas informações serão muito importantes na
análise do ambiente daquele setor, as quais servirão de base para um
diagnóstico mais técnico e assertivo.
O Mapa de Riscos deve indicar, por meio de círculos, um rol de informações conforme o grupo a que pertence os riscos ocupacionais, de acordo com a cor padronizada e o número de trabalhadores expostos a estes riscos, o qual deve ser anotado dentro do círculo.
A especificação do agente, por exemplo:
Físico: Ruído Intermitente
Químico: Acetaldeído
Biológico: Trabalho com pacientes em
isolamento por doenças infecto-contagiosas
Ergonômico: Postura sentada por longos
períodos
Acidente / Mecânico: Trabalho em Altura
Deve ser anotada também dentro do círculo,
porém, em certos casos, o espaço acaba dificultando esse procedimento.
Para melhor exemplificar, podemos também
utilizar ícones que representem os agentes ambientais, podendo ser inseridos ao
lado do círculo, ou utilizando outro meio criativo que achar mais interessante.
A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos.
O Mapa de Riscos deve ser construído e aprovado pela CIPA, preferencialmente um completo e os setoriais, devendo serem afixado em cada setor analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores.
Finalizando, deve-se observar se todos os
membros da CIPA foram treinados quanto aos riscos ocupacionais.
Como Dimensionar o Tamanho do Círculo?
Está é outra questão que para muitos
profissionais fica uma dúvida, pois acaba sendo para muitos casos um
dimensionamento intuitivo sem uma base concreta, ou seja, não se comprova
tecnicamente o indicativo utilizado para se definir o tamanho do círculo.
Para melhor entendimento, o dimensionamento do
círculo deve tomar como base informações que apontem uma relação GRAVIDADE x
PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE UM DANO.
Nesta relação são aplicadas e verificadas ao
Risco as condições que proporcionem a incidência e o agravamento de uma lesão
ou doença onde após se verificarem as condições de medidas preventivas
existentes, nível de treinamento dos empregados envolvidos, os procedimentos
implantados, as condições das instalações, o tempo de exposição, a frequência
da tarefa, proteções coletivas e individuais dentre outros existentes.
Utilize o quadro abaixo para a análise.
AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE RISCOS
CRITÉRIOS:
É avaliado o potencial de dano do risco, caso
ele se manifeste, em concomitância à Probabilidade desta Ocorrência.
A Probabilidade de Ocorrência avalia a possibilidade de:
o
Intensidade do Risco (Avaliação Qualitativa /
Avaliação Quantitativa)
o
Sexo e idade, pois podem influenciar em danos
a saúde com mais probabilidade (lembre-se do item q que falamos)
o
O tempo de exposição ao risco (lembre-se do
item 2 que falamos)
o
Frequência da Tarefa com exposição ao risco (lembre-se
do item 2 que falamos)
o
O tipo de dano possível de ser causado
o
As Medidas Preventivas Existentes (lembre-se
do item 3 que falamos) e sua eficácia
o
Treinamentos dos empregados envolvidos quanto
aos riscos existentes (lembre-se do item 3 que falamos)
o
Os Procedimentos implantados no setor (lembre-se
do item 3 que falamos)
o
Quais são os indicadores de saúde (lembre-se
do item 4 que falamos)?
B: Lesões muito leves que não interferem na vida
normal do indivíduo (Baixa)
Mb: Lesões não permanentes; incapacitam a pessoa
para atividades normais por períodos curtos, superiores há 01 semana e
inferiores a 15 dias (Média Baixa)
M: Lesões não permanentes incapacitam a pessoa
para atividades normais por períodos médios, superiores há 15 dias e inferiores
a 30 dias (Média);
Am: Lesões permanentes incapacitam a pessoa para
atividades normais por períodos médios, superiores há 30 dias (Alta Média);
A: Lesões permanentes, muito graves ou mortes
(Alta).
TEMPO DE EXPOSIÇÃO
b: <= 20% da Jornada de Trabalho
m: > 20% e <= 50% da Jornada de Trabalho
A: > 50% da Jornada de Trabalho
Após a análise, os fatores identificados
determinarão o tamanho do círculo, ou seja, quanto maior a
PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE UM DANO em
relação à GRAVIDADE, maior será o círculo.
Temos então:
A concepção de critérios técnicos para a construção de um Mapa de Riscos deve ser considerada, de modo a se evitar “achismos” na definição do tamanho do círculo correspondente ao nível de exposição aos agentes ocupacionais.
Por fim, a introdução dos ícones também
apresentados pode melhor ilustrar o risco, facilitando a compreensão do
trabalhador.
“Se você dá sempre as mesmas respostas para
todos os problemas, corre sério risco de errar todas as vezes”.
Augusto Branco
Pseudônimo de Nazareno Vieira de Souza (1980), é um escritor e poeta brasileiro.
[1] Maiores
informações podem ser obtidas em:
Departamento
de Medicina Social, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Pelotas. C.
P. 464, Pelotas, RS, CEP: 96.001-970,
Brasil <marinel@minerva.ufpel.tche.br>
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