Neuro Safety
O cérebro humano é basicamente simétrico, dividido em duas partes ao
meio:
· O hemisfério direito recebe sinais sensoriais que direciona o movimento
no lado esquerdo do corpo.
·
O hemisfério esquerdo comanda funções correspondentes no lado direito.
Esta simetria possui limitações com diferenças e nos últimos anos, os dois lados do cérebro passaram a simbolizar dois lados da natureza humana.
· O cérebro esquerdo várias vezes aclamado ou as vezes repudiado como
“lógico”, “analítico” e “intelectual”.
·
O cérebro direito conhecido como “intuitivo” é cheio de emoção e
criatividade.
Conforme estudos, as origens da assimetria cerebral ainda não estão
claras e podem ser uma vantagem evolutiva para localizar uma função cognitiva
específica em uma área compacta de um lado do cérebro podendo liberar espaço
neural de outras funções ao outro lado, reduzindo a frequência de erros de
transmissão.
A manifestação mais óbvia da lateralização cerebral é a destreza manual, onde 90% das pessoas no mundo são destros e os 10% restantes são canhotos ou ambidestros.
Quando observamos as competências do hemisfério direito, temos:
- Percepção e processamento espacial.
- Habilidades perceptivas visuo-espaciais.
- Melhor competência nos processamentos visuo-motores.
- Responsável no processamento espacial dos aspectos motores.
- Orientação espacial (profundidade e distância).
- Organização do esquema corporal.
- Controle postural.
- Processamento simultâneo e holístico das informações.
- Melhor competência para processamento perceptual em habilidades grosseiras.
Para o hemisfério esquerdo as competências são:
- No pensamento intelectual, racional, verbal e analítico.
- Processamento de construções gramaticais mais complicadas.
- Melhor performance para identificar letras feitas na palma da mão direita (esteriognosia[1]).
- Percepção e processamento temporal.
- Participa no controle sequencial do programa motor.
- Importante na sucessão de transição postural de um movimento para outro.
- Participa no programa de movimentos sequenciais dos dois lados do corpo.
- Reconhecimento de palavras.
- Melhor habilidade para reconhecimento da fala humana.
- Prontidão de ação no comportamento humano, devido maior concentração de dopamina no globo pálido esquerdo.
- Organização e “timing” do movimento sequencial.
- É mais adaptado para processar altas frequências audiovisuais.
- É especializado em codificar informações finas.
- Identifica a figura fundo (no jogo dos sete erros).
- Precisão e velocidade.
Entre tantas informações apresentadas para os dois hemisférios, estes ainda possuem outras competências.
Atualmente em nosso país podemos
observar alguns aspectos relevantes nos segmentos produtivos de trabalho com a
Legislação Trabalhista e Previdenciária provendo inconsistências técnicas, a
cultura e políticas organizacionais das empresas buscando competitividade,
poucos processos buscando uma interação mais humana para o trabalhador, as
condições de trabalho com a exposição do trabalhador aos Fatores de Riscos
Ocupacionais onde Doenças motivadas por Fatores de Riscos Ergonômicos envolvendo
má postura e esforços repetitivos e sobrecarga mental têm sido as principais
causas de⁸ afastamento do trabalho[2].
Verifica-se no ambiente de trabalho a ação direta de substâncias tóxicas atuando sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), alterando padrões cognitivos e comportamentais. O nível e a qualidade das informações sobre os Riscos Ocupacionais ainda necessitam melhorar no ambiente de trabalho, seja por meio de informativos, treinamentos e outros meios que promovam uma informação segura e também participativa ao trabalhador.
Um olhar mais aprofundado deve ser
realizado quanto ao conteúdo do trabalho e da tarefa devido as exigências que
são impostas e a falta de controle dos trabalhadores sobre a execução destas
tarefas. As tarefas desagradáveis ou aversivas podem se assemelhar a uma
atividade penosa, desencadeando sofrimentos psíquicos, transtornos mentais e
perda da autoestima.
A carga de trabalho com “o ter
muito ou pouco a fazer” se alinha com as exigências incompatíveis com a capacidade
e demanda de trabalho devido a muitas das vezes a qualificação do trabalhador e
a ausência de capacitações no ambiente de trabalho, desencadeando sofrimento e
adoecimento físico ou mental.
A falta de controle ou autonomia na
execução de atividades, envolvendo pressões, métodos, carga de trabalho,
ritmos, horários, horas extras, atividades em turnos e o próprio ambiente de
trabalho como o todo conduzem ao adoecimento. Longas horas de trabalho ou horas
não-sociais, com a aplicação de metas desafiadoras, a nova forma de trabalho home
office sem uma adequação junto ao ambiente que pode configurar para alguns
juristas como “dano existencial”.
A falta de participação na tomada de
ações dentro do ambiente de trabalho em decorrência de falta de comunicação,
desconsideração da experiência de cada trabalhador e a ausência de
reconhecimento pela empresa sobre trabalho bem desenvolvido remetem a problemas
na autoestima e saúde psíquica dos trabalhadores.
Para se obter uma eficiência, é
necessário que o trabalhador possa permanecer no processo produtivo durante
todo o tempo laboral, observando as adequações conforme a idade e as atividades
existentes. Os trabalhadores raramente são consultados sobre a qualidade das
ferramentas, do mobiliário, sobre o tempo alocado à realização da tarefa entre
outras condições.
Os Impactos são Projetados: no Local
de Trabalho (Worksite); no contexto Regional / Nacional; na Saúde do
Trabalhador e na sobrecarga Previdenciária. E os Impactos são Refletidos: em Problemas
associados à Doença do Trabalho; na Redução da Produtividade no Local de
Trabalho; no Absenteísmo / No Turn Over; no Alto índice de Acidentes de
Trabalho; em Multas / Tributação; em Retrabalhos, diminuição de Motivação.
O GRO e o PGR a partir de janeiro de
2022 irão exigir um olhar mais apurado e técnico dos profissionais de Segurança
e Saúde Ocupacional, trazendo à prova a realidade de diversas empresas quanto a
sua estrutura documental, expondo comparativamente realidades bem diferenciadas
nos seus diversos segmentos.
Desde quando foi lançado o eSocial, em diversos cursos e palestras que ministrei, sempre apontava uma informação para todos os participantes por meio de uma simples pergunta: “como está a base documental de sua empresa?”
A questão é que com o eSocial, o GRO
e o PGR, além da modernização das NR´s, os profissionais terão de estar melhor
preparados tecnicamente, bem como as empresas em seus processos, estrutura e
modernização pois espera-se a publicação da nova NR 17 que conforme informação
publicada pela revista Proteção a NR 17 (Ergonomia) foi aprovada na CTPP há um
pouco mais de um mês e está em processo de trâmite interno que deverá levar
ainda cerca de mais um mês para sua publicação.
Neuro Safety foi a formatação de duas
palavras que criei no intuito de levar um olhar mais diferenciado as questões
que envolvem a Ergonomia em seus Fatores Cognitivo e Psicossociais que são
literalmente “esquecidos” quando observamos em muitos PCMSO´s a ausência de
monitoramento ou indicação para o mesmo, incluindo ainda que em poucas AET –
Análise Ergonômica do Trabalho são identificados, o que gera um outro problema
quando for a vez da AEP – Avaliação Ergonômica Preliminar.
A Ergonomia muito tem a melhorar o processo
produtivo e a qualidade de vida dos trabalhadores e a questão da “Ausência
de Ergonomia” fica evidente quando é aplicado um estudo envolvendo os
custos referentes à esta ausência. O que falta e o que necessita a ser feito
traz a retórica quanto a forma ainda aplicada por muitos em relação à modelos e
ao famoso Ctrl C e Ctrl V, além do pouco interesse de alguns profissionais em
se manterem atualizados.
Por fim, os cursos Técnicos e de Pós
Graduação deveriam não ensinar seus alunos, sim criar as condições para que
aprendam.
[1] Capacidade de reconhecer, pelo tato, a forma e a consistência dos
objetos, através da sensibilidade táctil, da sensibilidade às pressões e da
sensibilidade profunda. https://www.infopedia.pt/dicionarios/termos-medicos/estereognosia
[2] https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/noticias/previdencia/beneficios/saude-e-seguranca-do-trabalho-estudo-da-previdencia-social-indica-mudanca-nas-causas-de-afastamento-do-trabalho
Comentários
Postar um comentário